terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Era um dia invulgar. Não um dia invulgar de qualquer ano normal. Mas um dia invulgar desse ano que corria, tão depressa como o atleta que tenta chegar à meta. Há mais de um mês que chovia e raramente se via o sol, mostrando-se de tempos a tempos, tímido por entre as nuvens, como um bebé que se esconde de um desconhecido.
Estava um sol magnifico quando os dois amigos decidiram partir de carro para conhecer as paisagens naturais do litoral oeste. Durante o caminho foram descobrindo que ambos partilhavam do mesmo gosto musical, entre outras coisas.

Haviam-se conhecido apenas há dois dias. Mas cedo se começaram a aperceber que eram mais parecidos do que pensavam. A tranquilidade, a boa disposição, o humor, eram características que ambos gozavam. Assim como a intolerância a injustiças e a pessoas desonestas. A empatia tinha-se gerado instantaneamente no momento em que se haviam conhecido.

O sol batia-lhes na cara, ultrapassando o vidro e aquecendo-lhes o rosto à medida que se ia denotando o rubor, como duas maçãs a amadurecer. Durante o caminho, passando pela serra de Sintra e por entre as curvas da estrada sinuosa que percorriam, podiam admirar a vista para o enorme areal da praia do Guincho, a sua falésia, as dunas a perder de vista e o mar turbulento que prometia não acalmar.
Quando chegaram ao seu destino, o cabo da Roca, ponto mais ocidental da Europa Continental, ficaram extasiados pela sua beleza, fitavam atentamente tudo o que se podia ver a partir daquele ponto. Olhavam para a frente e viam o infinito do mar, havia um local onde se podia ver o mar mais claro, azul claro como as águas das Caraíbas. Olhavam para os lados e viam longas falésias que pareciam ser esculpidas a pormenor, onde o mar ia rebentar enfurecido, cuspindo água por todo a parte.
Olhavam para trás, e viam um monumento com a inscrição de Camões dizendo: "Aqui onde a terra se acaba e o mar começa".

E no momento em que os dois amigos tiram a ultima foto, o vento começa a soprar forte com a chuva a acompanhá-lo, com uma intensidade que quase os arrastava. Sentiam que o protector do cabo, lhes dizia que a sua visita havia acabado.

Beleza

A Beleza pode ser destrutiva e/ou auto-destrutiva. Pode levar à cegueira do outro e mesmo à do próprio. Ao desespero do outro. Ao tédio do próprio.
Quando aliada à inteligência pode ser fatal, principalmente ao outro. Perde a noção do real, entrando em estado de hipnose.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A felicidade

O que é a felicidade?Como se pode ser mais feliz ou menos infeliz? São questões que todas as pessoas gostariam de saber a resposta. Foi hoje o tema da Prova Oral, com a participação de um filósofo, que vai ministrar um workshop sobre a felicidade. Fiquei logo apreensivo, pois não me parece que esse senhor seja o detentor da felicidade, e que não a saiba mais do que qualquer outra pessoa, será que a filosofia tem a resposta para a felicidade? Acredito que nos ajude muito a esclarecer e a compreender melhor a vida, e que seja fundamental para o conhecimento mas não nos vai dar essa resposta.

Siddharta Gautama, mestre budista, dizia que o sofrimento é decorrente do desejo em todas as suas formas. Penso que a grande questão está aqui. Como também foi dito pelo filósofo alemão Artur Schopenhauer, temos três fases que comandam a nossa vida, o desejo, o prazer e o tédio, e assim ciclicamente. Logo penso que a melhor forma de procurar a felicidade é não procurá-la. As pessoas passam demasiado tempo a pensar e preocupadas em como ser mais feliz, em vez de simplesmente viver a vida como sabem.

Voltando à filosofia budista, crê-se que quando se deseja algo e não se obtem a frustração gera o sofrimento, assim como quando se obtém o que se deseja há o desejo de manter o objeto do desejo, e quando se consegue manter acaba-se por se tornar banal, e volta-se a desejar outra coisa. Por exemplo uma pessoa pode-se considerar feliz quando a sua equipa ganha um jogo importante, e vai querer que ela continue sempre a ganhar e a jogar bem, mas quando falha, entra-se num estado de enorme tristeza e desilusão. Não se deveria continuar feliz pelas vitórias que ja teve anteriormente e pelo que conquistou?
O que se passa hoje em dia, é que a felicidade é gerada em pequenos acontecimentos, tudo o que não cause prazer no imediato não é bom, ou é aborrecido, logo se a minha equipa não ganha hoje, logo hoje que eu até fui vê-la ao estádio é a pior equipa de sempre e não valem nada...Ah mas a semana passada era a melhor do mundo porque fez um grande jogo??!!