quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Adoro a fragilidade da mulher, e ao mesmo tempo a sua força. Invejo a sua sensibilidade, adoro a sua determinação.
O homem quer sempre demonstrar o seu poder, que tem mais força, mas é quem mais chora quando tudo termina, ou então finge não sentir. Mas sofre, sofre de uma forma ou de outra, sofre por dentro, numa "falsa alegria" ou por apatia. E esta última será de todas a forma mais mortal do sofrimento. Pretende-se evitar o sofrimento, e acaba-se por não se sentir nada, nem dor nem amor. Apenas vivendo no seguro, como um barco de papel que navega nas águas de um lago, não enfrenta tempestades, mas também não navegará para muito longe.
Os homens são mais parecidos com as mulheres do que imaginam, apenas a forma como demonstram as suas emoções difere.
Começo a ver pela penumbra os teus longos cabelos encaracolados que caem sobre os teus ombros, e o teu andar magnificente que aos meus olhos parece tão simples. A tua simplicidade não se manifesta só na forma como caminhas. Não, há mais, muito mais em ti, o que me prende à razão e à euforia que sinto quando te vejo. Os teus olhos verdes, cor da primavera quando aparece, o brilho questionador que inebria toda a minha alma. Olho-te profundamente, e vejo as tuas pupilas dilatarem lentamente, enquanto o teu sorriso tímido aparece, descuidado e sem pedir permissão. E podemos ficar assim por longos momentos, sem dizer nada, porque eu sei o que tu pensas, eu sinto-o, assim como tu me sentes a mim.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O bichinho

Começo a sentir. A sentir a inquietação. A sentir o bichinho, aquele bichinho que me sobe às pernas, que me faz tremer os braços e que me invade o cérebro, espalhando-se por todos os meus neurónios impelindo-me a escrever. O quê? Bem, nem sei...mas sinto que preciso de escrever algo, nem que sejam só estas palavras soltas sobre a necessidade de escrever. Alguns chamam-lhe de inspiração, outros transpiração.

- Porque não me bates mais vezes à porta oh Inspiração?
Eu que tanto chamo por ti, dia e noite sem cessar, e tu nunca me vens visitar. Anseio por ti a cada momento e tu nada.
Dizes-me que te devo procurar, mas onde? Não sei onde te encontrar. Busco-te em cada esquina, e por vezes vejo fragmentos teus. Pequenas ideias assaltam a minha mente inquieta, que desespera por algo que ponha os meus dedos a tocar nas teclas. Tudo me parece pobre, muito fraquinho...
- Porquê essa necessidade de grandeza que tens? De escrever algo de jeito?Escreve uma merda qualquer!! - respondes tu- o importante é escreveres, se não começares a escrever eu nunca te hei-de aparecer, garanto! Garanto que não!
- Se ao menos fosse espanhol ou inglês tudo seria mais fácil.
- Ai sim e porquê? - perguntas tu
- Porque o espanhol ou o inglês têm um vocabulário que puxam mais pela criatividade. O espanhol é mais visceral, e o inglês é mais quotidiano, não obedece a moralismos.
- Pois já o teu português...
- Sim o meu português é altamente moralista e conservador. Língua de poetas, não deixa grande espaço para um outro tipo de escrita. O que quer que se tente fazer diferente e semelhante ao inglês ou ao espanhol, parece uma mera banalidade, algo vulgar e ordinário. Em inglês tudo soa melhor!!!
- Bem parece que não te resta grande hipótese, senão continuares a tentar escrever uns poemazitos não? - dizes-me tu
- Não hei-de de deixar de tentar escrever uns versos, mas também não hei-de baixar os braços...