quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Deitado na cama,
procuro por ti,
viro-me para um lado
e para outro,
sinto o teu cheiro
mas não te vejo.

Fecho os olhos,
para te encontrar
e não estás,
desvaneceste-te,
como o sonho
que perdi ao acordar.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Tudo o que és
não é tudo o que sonhaste,
mas o que sonhaste
faz-te ser quem és.

Não deixes os teus sonhos
desvanecerem-se,
como a água que passa no rio,
eles são a tua força motriz
e o que de mais tens precioso.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

No vale das sombras,
flores secas
e animais moribundos
coabitam.

Arrastando-se
para dai saírem,
na esperança de ver a luz,
que lhes ilumine a alma
que o tempo escureceu
e volte a dar vida
ao que ainda não se perdeu.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Deitado na cama,
procuro por ti,
viro-me para um lado
e para outro,
sinto o teu cheiro
mas não te vejo.

Fecho os olhos,
para te encontrar
e não estás,
desvaneceste-te,
como o sonho
que perdi ao acordar.
Nestas linhas onde escrevo,
palavras soltas
que o meu coração dita,
são poucas
para dizer o que sinto por ti.

A música não é
senão mais uma forma
para exprimir aquilo que sinto.
De estar mais perto de ti,
onde os nossos mundos e pensamentos
se fundem num só,
e o meu coração alcança o teu.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

juventude confusa

Uma da tarde. Hora de almoço. Adolescentes juntam-se em grupo para comer coisa pouca e beber um sumo de pacote. Acabado o almoço, um rapaz que não deve ter mais de 16 anos, de gorro na cabeça, abre uma cerveja de litro e dá longos tragos e passas num cigarro alternadamente.
Ao lado, outro, de cabelo comprido para o lado e quase a tapar os olhos, com uma sweat de capuz, abre outra cerveja e imita o companheiro, enquanto os outros colegas almoçam normalmente.
De repente os dois desaparecem, vão fazer uma ganza e regressam passado pouco tempo. O de cabelo comprido traz o capuz na cabeça, com o seu ar de rebelde, a mostrar-se e achar-se bom perante os seus colegas "totós" que não os imitam. Outro deles, não cede à pressão e dá um golo da cerveja, seguindo-se outro. Fazem uma roda. Falam calão e todos puxam do cigarro.
O de gorro na cabeça é o líder. O que inicia tudo. Provavelmente, aquele com o lar mais desfeito, carente de pai. Os outros, jovens inseguros, que tentam integrar-se num grupo, custe o que custar. Nem que esse preço, implique fazer algo de errado. Não têm lares tão problemáticos, mas a incompreensão dos seus pais aliada à vontade de ser diferente, de cortar com as amarras que os prendem a essas figuras de autoridade, fá-los entrar nestas práticas. Para estes ainda há esperança. O tempo o dirá.

Triste fado

Estou sentado em frente ao espelho. À espera para cortar o cabelo. A senhora com a tesoura na mão diz-me:
- Tudo bem consigo?
- Tudo - respondo. Sem dizer mais nada. Não me apetecia prolongar aquela conversa de ocasião, que se tem quando nada há a dizer.
Ao meu lado, a duas cadeiras de distância, uma senhora de idade com um género de capacete na capacete na cabeça vociferava:
- Isto o país está muito mal. Não sei onde isto vai parar.
A conversa do costume. Do tudo vai mal. A mesma conversa que oiço os meus pais a terem quando me sento à mesa para jantar: - O país está-se a afundar- dizem eles. Oiço estas palavras com alguma indiferença, porém não posso deixar de ficar ansioso por momentos. Aquela ansiedade de quem não sabe o que lhe espera no futuro. De quem pensa que o futuro não é risonho, mas sombrio. Ou não será este o triste legado que nós portugueses carregamos ao longo de gerações? Passassem apenas uma semana na Suécia e dariam graças pelo simples facto de o sol raiar mais de uma hora por dia, ou de não ter temperaturas negativas.
E a senhora de cabelos encaracolados e curtos, com os dentes tortos, continuava atrás de mim com a tesoura na mão, a cortar pedaços de mim, e eu tal qual de inicio, mantinha-me em silencio. Esboçando por vez, um sorriso. Não tinha nada a falar com ela. Não me apetecia corroborar com aquela velhota ou com os meus pais, e dizer que o país está mal ou que chove lá fora. Isso já ela sabe. Isso toda a gente sabe. Não é novidade nenhuma.