sábado, 12 de junho de 2010

Memórias

Memórias do que fui,
memórias do que vivi,
me afligem o presente.

Sei que não vão retornar,
nem pedir para as reviver,
apenas para as recordar
com saudade e tristeza,
do tempo que não volta atrás.

O tempo que te persegue e aterroriza
que faz de ti animal indefeso
dessas memórias

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Deitado na cama,
procuro por ti,
viro-me para um lado
e para outro,
sinto o teu cheiro
mas não te vejo.

Fecho os olhos,
para te encontrar
e não estás,
desvaneceste-te,
como o sonho
que perdi ao acordar.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Tudo o que és
não é tudo o que sonhaste,
mas o que sonhaste
faz-te ser quem és.

Não deixes os teus sonhos
desvanecerem-se,
como a água que passa no rio,
eles são a tua força motriz
e o que de mais tens precioso.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

No vale das sombras,
flores secas
e animais moribundos
coabitam.

Arrastando-se
para dai saírem,
na esperança de ver a luz,
que lhes ilumine a alma
que o tempo escureceu
e volte a dar vida
ao que ainda não se perdeu.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Deitado na cama,
procuro por ti,
viro-me para um lado
e para outro,
sinto o teu cheiro
mas não te vejo.

Fecho os olhos,
para te encontrar
e não estás,
desvaneceste-te,
como o sonho
que perdi ao acordar.
Nestas linhas onde escrevo,
palavras soltas
que o meu coração dita,
são poucas
para dizer o que sinto por ti.

A música não é
senão mais uma forma
para exprimir aquilo que sinto.
De estar mais perto de ti,
onde os nossos mundos e pensamentos
se fundem num só,
e o meu coração alcança o teu.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

juventude confusa

Uma da tarde. Hora de almoço. Adolescentes juntam-se em grupo para comer coisa pouca e beber um sumo de pacote. Acabado o almoço, um rapaz que não deve ter mais de 16 anos, de gorro na cabeça, abre uma cerveja de litro e dá longos tragos e passas num cigarro alternadamente.
Ao lado, outro, de cabelo comprido para o lado e quase a tapar os olhos, com uma sweat de capuz, abre outra cerveja e imita o companheiro, enquanto os outros colegas almoçam normalmente.
De repente os dois desaparecem, vão fazer uma ganza e regressam passado pouco tempo. O de cabelo comprido traz o capuz na cabeça, com o seu ar de rebelde, a mostrar-se e achar-se bom perante os seus colegas "totós" que não os imitam. Outro deles, não cede à pressão e dá um golo da cerveja, seguindo-se outro. Fazem uma roda. Falam calão e todos puxam do cigarro.
O de gorro na cabeça é o líder. O que inicia tudo. Provavelmente, aquele com o lar mais desfeito, carente de pai. Os outros, jovens inseguros, que tentam integrar-se num grupo, custe o que custar. Nem que esse preço, implique fazer algo de errado. Não têm lares tão problemáticos, mas a incompreensão dos seus pais aliada à vontade de ser diferente, de cortar com as amarras que os prendem a essas figuras de autoridade, fá-los entrar nestas práticas. Para estes ainda há esperança. O tempo o dirá.

Triste fado

Estou sentado em frente ao espelho. À espera para cortar o cabelo. A senhora com a tesoura na mão diz-me:
- Tudo bem consigo?
- Tudo - respondo. Sem dizer mais nada. Não me apetecia prolongar aquela conversa de ocasião, que se tem quando nada há a dizer.
Ao meu lado, a duas cadeiras de distância, uma senhora de idade com um género de capacete na capacete na cabeça vociferava:
- Isto o país está muito mal. Não sei onde isto vai parar.
A conversa do costume. Do tudo vai mal. A mesma conversa que oiço os meus pais a terem quando me sento à mesa para jantar: - O país está-se a afundar- dizem eles. Oiço estas palavras com alguma indiferença, porém não posso deixar de ficar ansioso por momentos. Aquela ansiedade de quem não sabe o que lhe espera no futuro. De quem pensa que o futuro não é risonho, mas sombrio. Ou não será este o triste legado que nós portugueses carregamos ao longo de gerações? Passassem apenas uma semana na Suécia e dariam graças pelo simples facto de o sol raiar mais de uma hora por dia, ou de não ter temperaturas negativas.
E a senhora de cabelos encaracolados e curtos, com os dentes tortos, continuava atrás de mim com a tesoura na mão, a cortar pedaços de mim, e eu tal qual de inicio, mantinha-me em silencio. Esboçando por vez, um sorriso. Não tinha nada a falar com ela. Não me apetecia corroborar com aquela velhota ou com os meus pais, e dizer que o país está mal ou que chove lá fora. Isso já ela sabe. Isso toda a gente sabe. Não é novidade nenhuma.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Adoro a fragilidade da mulher, e ao mesmo tempo a sua força. Invejo a sua sensibilidade, adoro a sua determinação.
O homem quer sempre demonstrar o seu poder, que tem mais força, mas é quem mais chora quando tudo termina, ou então finge não sentir. Mas sofre, sofre de uma forma ou de outra, sofre por dentro, numa "falsa alegria" ou por apatia. E esta última será de todas a forma mais mortal do sofrimento. Pretende-se evitar o sofrimento, e acaba-se por não se sentir nada, nem dor nem amor. Apenas vivendo no seguro, como um barco de papel que navega nas águas de um lago, não enfrenta tempestades, mas também não navegará para muito longe.
Os homens são mais parecidos com as mulheres do que imaginam, apenas a forma como demonstram as suas emoções difere.
Começo a ver pela penumbra os teus longos cabelos encaracolados que caem sobre os teus ombros, e o teu andar magnificente que aos meus olhos parece tão simples. A tua simplicidade não se manifesta só na forma como caminhas. Não, há mais, muito mais em ti, o que me prende à razão e à euforia que sinto quando te vejo. Os teus olhos verdes, cor da primavera quando aparece, o brilho questionador que inebria toda a minha alma. Olho-te profundamente, e vejo as tuas pupilas dilatarem lentamente, enquanto o teu sorriso tímido aparece, descuidado e sem pedir permissão. E podemos ficar assim por longos momentos, sem dizer nada, porque eu sei o que tu pensas, eu sinto-o, assim como tu me sentes a mim.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O bichinho

Começo a sentir. A sentir a inquietação. A sentir o bichinho, aquele bichinho que me sobe às pernas, que me faz tremer os braços e que me invade o cérebro, espalhando-se por todos os meus neurónios impelindo-me a escrever. O quê? Bem, nem sei...mas sinto que preciso de escrever algo, nem que sejam só estas palavras soltas sobre a necessidade de escrever. Alguns chamam-lhe de inspiração, outros transpiração.

- Porque não me bates mais vezes à porta oh Inspiração?
Eu que tanto chamo por ti, dia e noite sem cessar, e tu nunca me vens visitar. Anseio por ti a cada momento e tu nada.
Dizes-me que te devo procurar, mas onde? Não sei onde te encontrar. Busco-te em cada esquina, e por vezes vejo fragmentos teus. Pequenas ideias assaltam a minha mente inquieta, que desespera por algo que ponha os meus dedos a tocar nas teclas. Tudo me parece pobre, muito fraquinho...
- Porquê essa necessidade de grandeza que tens? De escrever algo de jeito?Escreve uma merda qualquer!! - respondes tu- o importante é escreveres, se não começares a escrever eu nunca te hei-de aparecer, garanto! Garanto que não!
- Se ao menos fosse espanhol ou inglês tudo seria mais fácil.
- Ai sim e porquê? - perguntas tu
- Porque o espanhol ou o inglês têm um vocabulário que puxam mais pela criatividade. O espanhol é mais visceral, e o inglês é mais quotidiano, não obedece a moralismos.
- Pois já o teu português...
- Sim o meu português é altamente moralista e conservador. Língua de poetas, não deixa grande espaço para um outro tipo de escrita. O que quer que se tente fazer diferente e semelhante ao inglês ou ao espanhol, parece uma mera banalidade, algo vulgar e ordinário. Em inglês tudo soa melhor!!!
- Bem parece que não te resta grande hipótese, senão continuares a tentar escrever uns poemazitos não? - dizes-me tu
- Não hei-de de deixar de tentar escrever uns versos, mas também não hei-de baixar os braços...